Um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostra que os progressos na eliminação da transmissão vertical do HIV e sífilis na América Latina e no Caribe diminuíram. De acordo com dados do relatório Elimination of Mother-to-Child Transmission of HIV and Syphilis in the Americas: Update 2016 (disponível em inglês), um total de 2,1 mil crianças adquiriram HIV em 2015, a maioria pela transmissão materno-infantil, 55% menos que em 2010.
No entanto, o ritmo de redução desacelerou nos últimos anos. Entre 2010 e 2011, novos casos caíram em 800 crianças; entre 2014 e 2015, a queda foi de apenas 100.
Em 2015, 72% das mulheres grávidas na América Latina e no Caribe foram testadas para HIV e 88% das mulheres positivas receberam tratamento, um aumento de 16% e 71% desde 2010, respectivamente. O acesso ao tratamento, juntamente com outras intervenções, reduziu a taxa de transmissão do HIV da mãe para o filho de 15% para 8% em cinco anos na América Latina e no Caribe. O objetivo é atingir 2%.
Casos de sífilis congênita dobraram em cinco anos
O relatório indica que os novos casos de sífilis congênita na América Latina e no Caribe dobraram desde 2010, quando países e territórios relataram 10.850 casos, mostrando um aumento constante desde então. Em 2015, estima-se que 22.400 crianças nasceram com sífilis.
Em 2015, 83% das gestantes foram testadas para sífilis no pré-natal e 84% dos casos positivos receberam tratamento, taxas que permaneceram estáveis por cinco anos. Atualmente, o número de crianças nascidas com sífilis congênita na região (170 por cada 100 mil nascidos vivos) triplica a meta de eliminação (50 por cada 100 mil nascidos vivos).
“A expansão de testes diagnósticos rápidos e o início do tratamento na mesma visita, bem como o envolvimento de parceiros sexuais de mulheres grávidas diagnosticadas com sífilis para conhecer seu estado e tratá-las, é crucial para evitar a reinfecção durante a gravidez e acabar com a doença em 2030”, disse Massimo Ghidinelli, chefe da Unidade de HIV, IST e Hepatites Virais da OPAS.
Para reduzir tanto quanto possível o número de crianças que contraem HIV de suas mães ou nascem com sífilis congênita, os países precisam ter pelo menos 95% de mulheres grávidas recebendo assistência pré-natal, 95% ou mais sendo testadas e pelo menos 95% das diagnosticadas recebendo tratamento adequado.
Embora a Região das Américas ainda não tenha eliminado a transmissão do HIV e da sífilis de mãe para filho como uma ameaça à saúde pública, 18 países e territórios reportaram dados compatíveis com essa dupla eliminação em 2015.
Cuba foi o primeiro país do mundo a ser validado pela OMS por ter alcançado a eliminação e outros países e territórios do Caribe estão em vias de alcançá-la.
O relatório da OPAS/OMS e UNICEF, Elimination of Mother-to-Child Transmission of HIV and Syphilis in the Americas: Update 2016, apresenta dados de 35 países e 17 territórios da região. O documento relata o progresso obtido desde 2010, quando os Estados Membros da OPAS aprovaram a Estratégia e plano de ação para a eliminação da transmissão de mãe para filho do HIV e sífilis congênita.