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América Latina pede PrEP e Brasil conduz o caminho, diz publicação na The Lanced

O estudo sobre PrEP no Brasil foi tema de artigo na revista científica britânica The Lancet, uma publicação semanal sobre medicina. Fundada em 1823, The Lancet é uma das mais antigas revistas médicas do mundo e, também, uma das mais prestigiadas, sendo reconhecida com a segunda revista mais importante da categoria. Em sua página, a revista destacou a importância da PrEP na América Latina e o papel de protagonismo desempenhado pelo Brasil.

O Brasil há muito tempo está na vanguarda do tratamento e prevenção do HIV na América Latina. Foi o primeiro país da região a disponibilizar terapia antirretroviral gratuitamente e participou do estudo iPrEx 2, que relatou a eficácia da Profilaxia pré-Exposição (PrEP) com emtricitabina oral diária e fumarato de tenofovir disoproxil para prevenir a infecção pelo HIV. Em The Lancet HIV, Beatriz Grinsztejn e colegas relatam outra ação pioneira na América Latina: Uma demonstração do teste da PrEP entre HSH e mulheres transgêneros vulneráveis ao HIV sob condições do mundo real no sistema de saúde pública brasileiro.

História

A PrEP Brasil foi um estudo de demonstração para avaliar a viabilidade do uso oral e diário de tenofovir difosfato de fumarato de disoproxil e a emtricitabina, proporcionado sem custo para homens que fazem sexo com homens e mulheres transgêneros com alto risco de HIV no sistema público brasileiro de saúde. Os estudiosos relataram a retenção, envolvimento e adesão à PrEP, além de tendências do comportamento sexual e incidência de HIV e infecções sexualmente transmissíveis neste recorte do estudo, durante as 48 semanas de pesquisa.

Método

A PrEP Brasil foi um estudo, aberto, por demonstração que durou 48 semanas e avaliou a entrega de PrEP em três centros de referência para prevenção e atendimento ao HIV no Rio de Janeiro, na Fundação Oswaldo Cruz e em São Paulo, Brasil, na Universidade de São Paulo e Centro de Referência e Treinamento em DST e Aids. Os participantes elegíveis eram HSH e mulheres transgêneros que eram HIV negativas, com idade mínima de 18 anos residentes no Rio de Janeiro ou São Paulo e relataram um ou mais critérios de risco sexual nos 12 meses anteriores (por exemplo, sexo anal sem camisinha com dois ou mais parceiros, dois ou mais episódios de sexo anal com um parceiro infectado pelo HIV, ou história de diagnóstico de infecção sexual transmitida por infecção sexual [IST]).

Os participantes foram vistos nas semanas 4, 12, 24, 36 e 48 para provisão de PrEP, avaliação clínica e laboratorial e teste de HIV. As auto-entrevistas assistidas por computador também foram realizadas nas visitas de estudo 12, 24, 36 e 48 e avaliaram o comportamento sexual e o uso de drogas. A retenção de PrEP foi definida pelo atendimento na visita da semana 48, o compromisso da PrEP foi uma variável ordinal de cinco níveis combinando presença na visita de estudo e concentrações de drogas. A adesão à PrEP foi avaliada medindo as concentrações de tenofovir difosfato em manchas de sangue secas. Os modelos de regressão logística foram utilizados para quantificar a associação de variáveis ??com alta adesão (≥ 4 doses por semana). O estudo está cadastrado no ClinicalTrials.gov, número NCT01989611.

Resultados

Entre 1 de abril de 2014 e 8 de julho de 2016, 450 participantes iniciaram a PrEP, sendo que 375 (83%) foram mantidos até a semana 48. Na semana 48, 277 (74%) de 375 participantes tiveram concentrações protetoras compatíveis com pelo menos quatro doses por semana: 183 (82%) de 222 participantes de São Paulo, em comparação com 94 (63%) de 150 participantes do Rio de Janeiro; 119 (80%) de 148 participantes que relataram sexo com parceiros infectados pelo HIV em comparação com 158 (70%) de 227 participantes que não. Em geral, o sexo anal receptivo com os últimos três parceiros aumentou de 45% na matrícula para 49% na semana 48, e o número médio de parceiros sexuais nos 3 meses anteriores diminuiu de 11,4 na inscrição para 8. Na semana 48, dois indivíduos apresentaram concentrações indetectáveis ??de tenofovir na seroconversão.

Interpretação

Nossos resultados suportam a eficácia e viabilidade da PrEP em uma configuração do mundo real. A oferta de PrEP em clínicas públicas de saúde em um ambiente de renda média pode reter um grande número de participantes e alcançar altos níveis de adesão sem compensação de risco nas populações investigadas.

Financiamento

O time que realizou o estudo sobre PrEP no Brasil é composto por Beatriz Grinsztejn, Brenda Hoagland, Ronaldo I Moreira, Esper G Kallas, Jose V Madruga, Silvia Goulart, Iuri C Leite, Lucilene Freitas, Luana M S Martins, Thiago S Torres, Ricardo Vasconcelos, Raquel B De Boni, Peter L Anderson, Albert Liu, Paula M Luz, Valdiléa G Veloso.

O estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Secretaria de Vigilância em Saúde, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

 

Fonte: The Lancet / Agência de Notícias da Aids. Disponível em:<http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/27413> em 21.02.18.