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Ativistas comemoram anúncio da vacinação contra HPV para meninos

O anúncio do Ministério da Saúde, na manhã desta terça-feira (11), de que a vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) será estendida para os meninos, a partir de janeiro de 2017, agradou os ativistas da aids. “Há tempos vínhamos reivindicando isso”, disse Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp (Fórum de Ongs/Aids do Estado de São Paulo). A vacinação contemplará, inicialmente, meninos de 12 a 13 anos.  Para os que vivem com HIV, estará disponível na faixa dos 9 aos 26. Segundo estudos,  a inclusão dos meninos contribui para a diminuição do câncer de colo do útero e vulva nas mulheres, pois possibilita a diminuição da circulação do vírus. Além disso, os próprios meninos serão beneficiados, pois a vacina protege contra câncer de pênis, garganta, ânus e verrugas genitais, problemas também relacionados ao vírus.  “Mas essa ampliação só terá sucesso se for efetivada a parceria com as escolas”, alerta José Araújo Lima Filho, presidente do Epah (Espaço de Atenção Humanizada). Veja o que ele e outros ativistas falam da adoção da vacina de HPV em meninos:

José Araújo Lima Filho, presidente do Epah (Espaço de Atenção Humanizada): “A ampliação da vacinação é de grande importância como política pública de saúde. No entanto, essa ampliação só atingirá os adolescentes de forma satisfatória se for efetivada a parceria com as escolas. Esta parceria, na primeira dosagem da aplicação da vacina em meninas, levou a um sucesso reconhecido mundialmente. A segunda dosagem, sem a parceria, atingiu só a metade das adolescentes. Vale ressaltar que quando o governo fala que não “haverá custo”, isso ocorre por dois motivos, um deles justificado cientificamente: duas dosagens são suficientes para imunizar (com algumas exceções) e a outra é a grande sobra em razão da diminuição das meninas vacinadas. Que venha a ampliação com participação ativa das escolas em todas as regiões do Brasil.”

Silvia Almeida, do GIV (Grupo de Incentivo à Vida) e do Movimento das Cidadãs Posithivas: “Penso que esta notícia já deveria ter sido dada há tempos. As pesquisas já vêm comprovando os riscos do HPV e suas consequências. Sendo assim, fico feliz em ver o Brasil se utilizar das pesquisas para desenvolver ações concretas. Para que isso seja perfeito, deveriam pôr em prática as políticas de saúde sexual nas escolas como foi desenhada há tempos também, ensinando aos alunos as vantagens do saber, conhecer e escolher como iniciar a vida sexual com segurança. Políticas e pesquisas não nos faltam, faltam ações, comprometimentos e clareza sobre a necessidade de colocá-las em prática.”

Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de Ongs Aids do Estado de São Paulo: “Apoiamos a iniciativa do Ministério da Saúde na inclusão da vacinação para os meninos, reivindicação que fizemos por algum tempo. No entanto, ainda precisam rever a extensão entre as mulheres soropositvas e até mesmo entre os meninos. Há urgência na revisão desses critérios, sobretudo, diante da realidade atual em que as pessoas que vivem com HIV/aids possuem vida sexual ativa para além dessas faixas etárias. Essas são condições que exigem cuidados especiais.”

Reinaldo Ribeiro Junior, um dos coordenadores da Rede de Jovens Rio+: “Eu tenho percebido que boa parte dos jovens aqui no Rio de Janeiro que descobre a sorologia para o HIV, mesmo os casos que não são avançados, tem manifestado o quadro clínico de HPV. Então, é muito importante que eles sejam vacinados. Acho importante, inclusive, que mais pra frente sejam feitas pesquisas nacionais sobre a eficácia dessa vacina para pessoas mais velhas e que todos possam ser imunizados.”

Carlos Duarte, do Fórum de Ongs/Aids do Rio Grande do Sul: “Eu acredito que hoje a transmissão pelo HPV é algo muito sério. Pela informação que está vindo, ela é uma imunização eficaz. A gente fala muito em PEP e PrEP (Profilaxia pós e pré-exposição), mas elas são medidas de prevenção para o HIV. Qualquer solução capaz de prevenir outras DSTs também é importante.”

Regina Bueno, ativista facilitadora da Rede Jovem Rio +, membro do grupo Pela Vidda Rio e da Pastoral da Aids Rio: “Esperamos que realmente em janeiro de 2017 este insumo importantíssimo de prevenção seja disponibilizado nos serviços. Mas, com informações amplas sobre seu acesso à população e municípios. Porque, atualmente, muita coisa anunciada, até em nível internacional, não vai acontecer no tempo firmado. Mas é muito importante que direitos iguais, já que as meninas foram primeiramente contempladas, sejam respeitados neste país. Vamos aguardar ansiosos.”

Ozzy Cerqueira, ativista e estudante de direito pela Universidade de São Paulo (USP): “Penso que é muito importante essa decisão, fazendo um recorte específico das pessoas com HIV. Elas  têm uma prevalência maior de câncer de ânus e genitais. Não há dúvidas de que o HIV provoca mais vulnerabilidades. Então, é uma decisão muito válida a partir do momento em que é mais uma forma de prevenção. Poder imunizar uma pessoa desde cedo evita novos casos de câncer comum em homens e mulheres. Sabemos que o câncer de colo de útero afeta muitas mulheres, mas é preciso que todos estejam abarcados, pois é importante para a saúde do homem também.”

Juan Carlos Raxach, assessor de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA):  “Eu recebi a notícia com muito prazer e entusiasmo. Diante das últimas notícias, como a da PEC 241 [que prevê congelar gastos públicos], a gente fica confuso com essa iniciativa, mas se a gente foca no beneficio, sim, ele é ótimo. Ampliar para os meninos abre uma possibilidade enorme de prevenção ao HPV e aos canceres relacionados a ele. Não podemos esquecer que as pesquisas têm mostrado que os jovens não têm usado camisinha. Então, expandindo a vacinação, você beneficia todo o mundo, isso pensando além do HIV e soropositivos que serão beneficiados. Pena que ainda não temos vacina para a sífilis.”

Pierre Freitaz, assistente Social e Secretário de Relações Internacionais da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids RNAJVHA: “Eu acredito ser  fundamental  a ampliação da vacina de HPV para o público masculino, uma vez que os homens são mais resistentes a irem aos serviços de saúde e acabam descobrindo tardiamente os problemas de saúde. Esta medida contribuirá, e muito, com o controle da epidemia do HPV entre mulheres e homens e dos efeitos que trazem para o desenvolvimento de outras doenças.”

Renata Souza, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Sou a favor de todas as formas de prevenção e vejo como positiva esta iniciativa. Mas, agora, espero que os municípios estejam organizados para atingir o público alvo. A vacina aplicada nos meninos vai beneficiar muito as meninas no futuro. Com os jovens e adolescentes iniciando a vida sexual cada vez mais precocemente, só teremos a ganhar.”

Renan Moser, integrante da Rede de Jovens SP+: “Tendo em vista a alta complexidade de coinfecçoes de IST’s e HIV, julgo mais que necessário a inclusão da vacina contra o HPV, especialmente no calendário de HIV positivos de meninos ainda na juventude. Defender o ser humano integral passa pela defesa de mecanismos que esgotem as possibilidades de complicações decorrentes à infecção de um vírus que a tecnologia biomédica já é capaz de controlar. No caso do HPV, o câncer se apresenta como complicação. Além do mais, as verrugas genitais, um dos sintomas do HPV, por ser uma lesão, facilitam novas infecções de HIV. Deste modo, a vacina também pode representar uma forma de prevenção de novos casos de HIV.  Então, incluir a vacinação contra HPV em HIV positivos e jovens homens indica a objetivação de uma integralidade da pessoa que usa o SUS [Sistema Único de Saúde] e também uma economia na verba da saúde, tão atacada com a PEC 241. Isto porque, além de diminuir gastos nos tratamentos das complicações decorrentes do HPV, representa uma forma de prevenção.”

Fonte: Agência de Notícias da Aids. Disponível em: <http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/25462> em 11/10/16.