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Congressos na Paraíba: “Sim, é possível acabar com a epidemia da aids. Isso é biologia”, diz pesquisador Julio Montaner

“Se conseguirmos cumprir a meta 90-90-90, se ela for feita corretamente e se unirmos esforços com o governo, sim, conseguiremos alcançar o fim da epidemia de aids até 2030. Isso é biologia. Você trata mais, previne mais e reduz a epidemia e a mortalidade. Isso também poupa dinheiro e permite que possamos melhorar outras áreas.”  Foi o que afirmou Julio Montaner, diretor do Centro de Excelência em HIV/Aids da Columbia Britânica, no Canadá, na conferência de abertura do 10º Congresso de HIV/Aids e 3º Congresso Brasileiro de Hepatites Virais, nesta terça-feira (17), no Centro de Convenções de João Pessoa (PB). O pesquisador já recebeu vários prêmios e títulos honorários internacionais por suas ações de combate ao HIV/aids e nos últimos anos tem recebido apoio de líderes políticos e organizações mundiais.

Montaner é o criador de medidas de combate ao HIV como o diagnóstico precoce e a terapia potente com antirretroviais (haart) – que é capaz de suprimir o vírus no organismo, chegando ao ponto do HIV ficar indetectável. “Nós sabíamos dos benefícios do tratamento e do diagnóstico precoces, mas não estávamos percebendo o que estava acontecendo. Então, vimos que as novas infecções estavam diminuindo. Daí em diante, buscamos provar também que essa terapia tinha a capacidade de reduzir a transmissão do vírus. Soubemos disso em 2006, mas levou uma década para chegarmos a consenso internacional”, contou.

O pesquisador também afirma que a Tasp (tratamento como prevenção) é um caminho totalmente eficaz. “Descemos o número de pessoas morrendo. Hoje, as pessoas estão morrendo por outras causas, mas não tem relação com o HIV. As pessoas podem viver mais, ter expectativa de vida, planos.”

Ele também falou sobre as críticas recebidas em relação ao Tasp. Disse que  o modelo de tratamento é chamado de ‘calcanhar de Aquiles’ por alguns, pois, em populações vulneráveis, consideram que pode agravar alguns riscos: “De acordo com a realidade de cada governo, também é importante pensar em estratégias para essa população, mas está comprovado que a cada pessoa que você trata, previne múltiplas infecções e evita que mais gente  seja infectada.”

Segundo Montaner, nos últimos 14 anos, não houve nenhuma criança infectada pelo HIV na Columbia Britânica. “Esse é mais um ganho. Agora estamos pensando em dar outra função à pediatria da Columbia.”

A importância de conscientizar os políticos também foi lembrada pelo pesquisador: “Sem apoio político, jamais teríamos entregado os resultado que entregamos. Mas os programas também devem ser dirigidos, pois um programa que não é bem dirigido, não pode ser bem apoiado”.

“Se quisermos combater a epidemia, temos que reunir todos os grupos”, disse ao se referir ao olhar do Vaticano para o Tasp. “A igreja tem muitas controvérsias em relação as nossas ações, mas quanto à prevenção, podemos ficar tranquilos. O tratamento como prevenção mudou o olhar do sistema de saúde. Então, eu não paro de pensar que essas medidas devem ser para todas as doenças. Nós podemos acabar com todas as doenças e  fazer isso juntos”,  concluiu.

Fonte: Daiane Bomfim / Agência de Notícias da Aids (http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/24143#.VkyCyb_QMpM) em 18/11/15