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Dia Mundial da Saúde Mental promove reflexão sobre jovens

No dia 10 de Outubro é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional da Saúde Mental. A data, instituída em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental, busca chamar atenção pública para o assunto, que ainda é um tabu na sociedade. Neste ano, o tema escolhido pela Organização Mundial de Saúde para celebrar o momento é “Os jovens e a saúde mental em um mundo em transformação”. O tema tem como objetivo chamar atenção para o reconhecimento da causa do sofrimento por problemas mentais e promoção de saúde mental em adolescentes e jovens adultos, trazendo benefícios em curto e longo prazo para eles e para sociedade.

A adolescência e a juventude apresentam diversas particularidades e desafios próprios dessa fase da vida. Entre as maiores dificuldades nesses momentos está o convencimento das pessoas que transtornos mentais em adolescentes são reais e não apenas “dramas juvenis”. Raila Spindola, hoje com 25 anos, sofreu com transtornos mentais como a ansiedade e transtornos alimentares na adolescência e lembra desse obstáculo com tristeza. “Acredito que é muito comum os adultos serem negligentes com a saúde mental dos adolescentes. Existe aquele discurso do “aborrecente”, de que é hormônio, e, na verdade, é uma fase muito difícil, sempre foi para mim. Eu sofria muito bullying, imagina você ser adolescente e passar cinco dias por semana, 5h por dia, em um lugar em que você é constantemente atacado só por existir. Acontecia desde sempre, mas acredito que no ensino médio foi pior, troquei de escola e me sentia muito sozinha”, conta.

A importância de pertencer a grupos sociais e buscar aceitação das pessoas é outro ponto que pode contribuir com o desenvolvimento de sofrimento psíquico e transtornos mentais nos jovens. “O mais louco é que na época eu entrei em uma paranoia louca de emagrecer a qualquer custo e os remédios que tomei me deixavam muito mal psicologicamente e fisicamente. Eu me tornei uma pessoa extremamente agressiva. Gritava com todo mundo e batia portas. Creio eu que entrei em um modo defensivo em que tudo que se voltava contra mim era um ataque”, lembra Raila.

A prevenção dos transtornos começa pelo conhecimento e compreensão dos primeiros sinais e sintomas que alertam para uma doença mental. Pais e professores podem ajudar a criar em crianças e adolescentes habilidades que os ajudem a enfrentar os desafios que serão encontrados todos os dias em casa e na escola. “Eu não tive muito apoio na época. Por causa desse comportamento agressivo, acabei afastando algumas pessoas, minha família não tinha muita paciência para essa minha atitude e acho que não entenderam que era na realidade um pedido de socorro”, lamenta.

Entrada na Universidade

A Organização Mundial de Saúde afirma que a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes e jovens. No âmbito dos jovens universitários cada dia mais a questão da depressão ganha visibilidade. A cobrança acadêmica da vida universitária acaba pesando na saúde mental dos jovens. Entre o grande número de conteúdos novos, trabalhos e provas, parte deles ainda fazem jornada dupla, trabalhando enquanto estão na faculdade.

O Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis realizou estudos que apontaram que cerca de 37% dos estudantes das Instituições Federais de Ensino Superior apresentam necessidades significativas ou crise emocional durante o primeiro e o último ano do curso; que 29% dos estudantes procuram apoio psicológico e que quase metade dos estudantes relata ter vivenciado crise emocional no último ano. Diante destes e outros dados, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior criou o Plano Nacional de Assistência Estudantil que inclui dentre várias medidas equipes multidisciplinares e interdisciplinares para este tipo de atendimento.

No caso de Raila, sem receber suporte profissional e familiar, a entrada na universidade acabou funcionando de forma contrária, como um escape para superar os transtornos mentais da adolescência. “Eu comecei a me sentir melhor ao abandonar esses remédios de emagrecimento e sair da escola. Na faculdade consegui fazer amigos e bem aos poucos abaixei a guarda. No entanto, isso ainda hoje é um resquício de quem sou. Hoje faço terapia há um ano e o tanto que sou defensiva com as pessoas é uma pauta recorrente. É um comportamento quase de sobrevivência e muito difícil de abandonar. Acredito que tudo teria sido bem mais fácil se tivesse recebido apoio ainda na adolescência”, conta.

Fonte: Janaina Bolonezi / Blog da Saúde.   Disponível em:<http://www.blog.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=53564&catid=579&Itemid=50218> em 10.10.2018.