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Doenças cardíacas afetam adolescentes

Estudo realizado no Brasil identifica hipertensão, obesidade e colesterol alto em estudantes com idade entre 12 e 17 anos

Já passou o tempo em que a adolescência representava a fase de desenvolvimento do corpo para a vida adulta. Hoje é para um percentual desse público o momento em que surgem os primeiros sinais de problemas cardiovasculares.

O maior estudo já realizado na América Latina é brasileiro e identificou obesidade e problemas de colesterol em estudantes do País com idade entre 12 e 17 anos.

“A obesidade entre os adolescentes brasileiros vem aumentando, refletindo uma elevada ingestão de bebidas açucaradas e de alimentos ultraprocessados”, explica a médica Katia Vergetti Bloch, coordenadora executiva do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes(Erica).

A preocupação também tem uma explicação: no Brasil as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte. Destaque para infarto e derrame.

“As doenças cardiovasculares têm início já na infância e muitos comportamentos e hábitos de vida, tais como prática de atividade física, consumo de álcool, tabagismo, se estabelecem cedo e persistem na vida adulta”, diz Kátia, que também é pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

OBESIDADE

A prevalência de obesidade é maior nas regiões Sul e Sudeste do País (10%), enquanto nas regiões Norte e Nordeste estão em 5% dos pesquisados.

HIPERTENSÃO

Entre os pesquisados na região Sudeste foram considerados hipertensos 11,9% dos meninos e 7,8% das meninas. Desses, 26% estão obesos. Estão em fase de pré-hipertensão 8,3% das meninas e 19,8% dos meninos.

“A obesidade e a hipertensão arterial são doenças de difícil tratamento na vida adulta e têm impacto importante não só na expectativa de vida, mas principalmente na qualidade de vida dos indivíduos. A prevenção tem que ser o foco das políticas públicas”, opina.

COLESTEROL

O estudo identificou nos adolescentes participantes uma prevalência de HDL baixo, o chamado colesterol bom. Essa lipoproteína é a responsável por captar o colesterol que está em excesso na corrente sanguínea, e transporta até o fígado, onde se transforma em bile.

No levantamento, 60% dos pesquisados das regiões Norte e Nordeste tiveram o HDL abaixo de 45, enquanto no Brasil a média foi de 50%.

“Chamamos de transição epidemiológica esta maior incidência nestas regiões. O Norte e o Nordeste passaram a ter problemas de saúde próximos aos existentes nas regiões Sul e Sudeste. Como houve um ganho de renda nos últimos anos, possivelmente estão consumindo mais junk food”, explica o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, José Rocha Faria.

Ele coordenou a análise dos dados de colesterol da pesquisa e faz um alerta. “Se alguma coisa não for feita, a gente vai ver no futuro uma geração mais doente”.

DIAGNÓSTICO

Faria recomenda a investigação dessas doenças ainda na infância. Os exames de colesterol devem ser requisitados pelo pediatra a partir dos dez anos. Em caso de pais com histórico de doenças cardiovasculares, fazer a partir dos dois anos.

“É inadmissível chegar na vida adulta sem fazer exame de colesterol. E quando detectado o problema, a criança deve ter auxílio de profissionais de saúde para uma dieta e atividade física”.

NO CONSULTÓRIO

Na prática, ainda é pequena a procura dos pais de crianças e adolescentes aos médicos especialistas no assunto. “Só acontece quando os pais já apresentam problema e o pediatra detecta alguma alteração no exame da criança e nos encaminha”, conta o chefe do setor de cardiologia da Santa Casa de Santos, Carlos Alberto Cyrillo Sellera.

Ainda assim ele acredita que já existe uma preocupação maior dos pais com o assunto. “Não existe fórmula mágica, mas há a necessidade de uma conscientização de todos. Tudo começa com os pais. Por isso é importante manter a criança que já tem tendência à obesidade, afastada de comidas gordurosas”.

Fonte: A Tribuna/ Projeto ERICA . Disponível em: <http://www.erica.ufrj.br/media/arquivos/midia/tribuna.PDF> em 20.03.16