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Jovens criam aplicativos e jogos de prevenção às DST/aids durante maratona tecnológica em São Paulo

Criar uma ferramenta de comunicação e educação para dispositivos móveis focado em adolescentes e jovens. Esse foi o desafio da primeira edição do Hackathon Abeme – Prevenção das DSTs, uma maratona tecnológica que durou 24 horas, reuniu de universitários a especialistas — a maioria jovem –, neste sábado e domingo (12 e 13) e rendeu cinco aplicativos. O evento aconteceu no prédio do antigo Banco São Paulo, hoje Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude.

De acordo com os organizadores, os cerca de 20 participantes, divididos em cinco equipes, se envolveram na competição de maneira colaborativa e não mediram esforços para que o resultado surpreendesse os júris e fosse fundamental para a prevenção.

Os perfis dos competidores eram diversos. “Era gente engajada nos ramos de negócios, saúde a ativismo. Mesmo no período que era para descanso, eles não pararam, pois queriam apresentar algo útil para a sociedade,” explicou Paula Aguiar, presidente da Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual) e do Ceaids (Conselho Empresarial de Prevenção ao HIV/Aids do Estado de São Paulo).

Na categoria comunicação, a equipe vencedora idealizou uma “rede social do sexo”, em que o acesso só é permitido para maiores de 18 anos. No Becum, nome dado ao aplicativo, o usuário escolhe se vai acessar anonimamente sua conta. Nela, ele pode falar abertamente sobre sexo e expor suas dúvidas.

O aplicativo também conta com direcionamento a serviços, informações úteis sobre prevenção, tratamento das DSTs, locais de testagem, feed de notícias e filtro de pesquisa. Além disso, disponibiliza um espaço para que os usuários saibam quais baladas, saunas e outros lugares de diversão têm ações de prevenção. Em todas as abas uma curadoria monitora o conteúdo postado.

“A gente começou como revista eletrônica e virou uma rede social de sexo. A evolução do projeto foi incrível, fomos amando e nos animando. Víamos o problema e procurávamos responder com cada item inserido no aplicativo. Vamos ver o que virá agora”, disse Nathalie da Silva, 23 anos, design gráfica e da equipe Bacum.

Com a erotização da camisinha, o Cami Sutra venceu na categoria educação. A equipe desse aplicativo propôs o compartilhamento de ideias que ampliem o olhar para a preservativo. “Podemos pensar em um modo de ir além da prevenção da gravidez e das DSTs. A ideia é estimular os jovens a usar o preservativo e aprender técnicas que não interrompam o prazer”, disse Pedro, 21 anos, durante a apresentação do projeto. “O nosso aplicativo é um Kama Sutra para a camisinha. A gente quer erotizar o uso dela para enfrentar o não uso. Então pensamos em meios e técnicas que erotizem o preservativo. Por meio disso, podemos informar de maneira sutil e interativa sobre a prevenção das DSTs”, explicou Bruno, 27 anos, estudante de relações internacionais.

A maratona

Muitos participantes se inscreveram individualmente e formaram suas equipes no dia da maratona. Todos receberam orientação e ajuda de especialistas das áreas de gestão, negócios, saúde, educação e sexualidade. “Alguns chegaram com uma ideia, mas faltava conhecimento sobre o tema, outros dominavam o tema, mas precisavam de mais conhecimento tecnológico”, contou Paula Aguiar.

Segundo Paula, o CRT-SP (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids-SP) foi o primeiro grande apoio vindo da saúde pública que acreditou na seriedade do projeto. Ivone de Paula, psicóloga e gerente da área de Prevenção do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo esteve presente como júri e ficou empolgada com os resultados apresentados.

“O que vimos aqui foram cinco projetos nos mostrando que a comunicação com os jovens existe e é viável. Vejo excelentes produtos para trabalhar a prevenção. Já é uma ideia do Programa Estadual ter um aplicativo que possa conversar com jovens em geral, jovens gays e jovens vivendo com HIV. Temos projetos para ter o nosso aplicativo e aqui vivenciamos um aprendizado em todos os aspectos”, afirmou Ivone.

Outros projetos

QS+ – Quero saber mais: Com o intuito fornecer informações para educadores, o QS+ é um aplicativo que também pode ser acessado por computadores. A equipe promete atualizações constantes sobre todas as possíveis DSTs por meio de informações vindas de especialistas. Professores, pedagogos, profissionais de saúde e de outras áreas, pais e mães de jovens podem acessar o dispositivo para aprender a tratar sobre o tema com o público jovem. O aplicativo conta também com o direcionamento de links para páginas consideradas confiáveis sobre a prevenção de DST’s, tratamentos, leis e direitos humanos.

Incógnito: Com direito ao anonimato, o aplicativo lembra redes como o Secret. A diferença está no controle e na opção de denunciar algo que é considerado inadequado para a rede.  A ferramenta também apresenta a possibilidade de criar fóruns, fazer perguntas, obter respostas e acompanhar relatos sexuais feitos de maneira anônima. Com a promessa de não publicar nada em sua timeline, o usuário tem a facilidade de se conectar por meio de sua conta no Facebook. Especialistas em saúde, sexualidade e prevenção são convidados a esclarecer dúvidas e promover debates.

+Amigos: Aqui a proposta é um game no estilo RPG. O usuário tem a possibilidade de criar um avatar que inclui informações de conduta de gênero e sexuais. Situações de maior ou menor interação de risco são propostas. Quanto mais riscos a uma infecção, menos pontos o avatar conquista. Para jogar, o usuário recebe informações sobre prevenção de maneira interativa. Havendo riscos de infecção, balões com avisos alertam o jogador. Caso o jogador seja infectado, não volta para a fase anterior, mas é direcionado a uma nova etapa que explica sobre tratamentos, cuidados com a saúde e como obter ajuda. O jogo é voltado para pessoas acima de 18 anos, mas pode ser aperfeiçoado com fases para diferentes faixas etárias.

Rodolfo Hermida, consultor nacional da área técnica de família, gênero e curso de vida da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e OMS (Organização Mundial da Saúde) ficou satisfeito com as ideias apresentadas “Eu pude ver como os participantes resolveriam problemas que grandes gestores nacionais e internacionais até hoje não resolveram”, observou o especialista, que tem participado de outras atividades tecnológicas no campo da saúde e também foi júri da competição.

Os idealizadores

Idealizado pelos especialistas em negócios Douglas Santana e Marcela Liz, o Hackathon Abeme é um desafio que deu certo.  “Temos certeza que cada projeto criado aqui é único e tem potencial de mercado”, afirmou Douglas. “Recebemos muitos nãos, mas persistimos e acreditamos. Compartilhando nossa experiência com os maratonistas, incentivamos as equipes a fazerem o mesmo,” continuou.

Segundo Marcela, todos os produtos que nasceram nesse hackathon são propriedade intelectual dos participantes que os criaram. O que foi previsto em regulamento é que ao ser viabilizado, deve ser gratuito. “A partir daqui, eles receberão uma orientação de como fazer esses projetos saírem do papel. Nossa intenção é que ele seja real e acessível para a sociedade”, finalizou Marcela.

Fonte: Agência de Notícias da Aids/Daiane Bomfim.

Disponível em:<http://agenciaaids.com.br/home/noticias/noticia_detalhe/24646#.Vugd9XrQN2M> 14/03/16