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Resultado de pesquisa realizada com adolescentes do oeste do Paraná deve sensibilizar gestores, afirma especialista

Pesquisa “E aí, como está a sua vida neste período de isolamento social?” aponta que adolescentes estão preocupados com violências durante o distanciamento social, e para psicóloga esses dados vão trilhar uma nova realidade pós-pandemia

Os dados divulgados pela enquete “E aí, como está a sua vida neste período de isolamento social?” demonstram que a pandemia de Covid-19 trouxe novos desafios e sentimentos para o público jovem residente do oeste paranaense. Os números criam um perfil que retrata uma/um adolescente, entre os 15 e 18 anos que está com medo em relação a Covid-19 (37%) e entre as preocupações atuais se destacam a saúde de sua família (80%), o futuro (61%), e as violências dentro e fora de casa (19%).

“A partir de resultados como dessa pesquisa, devemos sensibilizar nossos gestores sobre a  importância de falar sobre violências. Além de falar dos serviços de como se dá  o acesso à garantia de direitos”, afirmou a psicóloga Ronise Schiavoni Basaglia, participante dos módulos de capacitação que abrangeu mais de 300 profissionais da rede pública que atendem diretamente adolescentes no Paraná promovido pelo UNFPA Brasil e Itaipu Binacional.

Para Basaglia, que atua com equipes multidisciplinares em Unidades Básicas de Saúde principalmente com grupos de jovens e adolescentes, os dados sobre preocupações se transformam em sofrimento ou adoecimento no passar dos dias, devido ao impulso e desejo característico dessa faixa etária e que a junção e equilíbrio entre o querer e o que é possível no momento podem ajudar na saúde mental de jovens e adolescentes durante a pandemia.

A enquete realizada pelo projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná, uma ação do UNFPA Brasil em parceria com a Itaipu Binacional, foi realizada entre os dias 3 e 27 de abril, e mapeou como a pandemia da Covid-19 tem afetado o público jovem. A pesquisa online expõe os sentimentos e preocupações, mas também mostra as necessidades e acessos que essa população possui para passar pelo período de distanciamento social.

Veja os dados aqui

Dados que refletem uma realidade cultural 

A enquete online revelou que 37% das/dos adolescentes do oeste do Paraná está com medo em relação a Covid-19. Mas para as meninas esse percentual é mais elevado, chegando a 40%. E além do medo, entre elas também aparecem emoções como ansiedade e tristeza. Já para os meninos a emoção que representa o momento é a tranquilidade, aparecendo entre 43% das respostas. “Quando a gente pensa na questão de gênero, nós temos uma segregação dos sentimentos na nossa cultura. As meninas precisam ser sensíveis, e precisam também manifestar esses sentimentos. Os meninos ao contrário, são educados a não sentir, ou pelo menos não demonstrar” avalia. Para a psicóloga, que atua no município de Ubiratã no estado do Paraná, esses dados refletem uma adaptação cultural envolvida pela sociedade, onde uma forma de “blindagem” entre os adolescentes dão a falsa sensação de confiança e tranquilidade.

O projeto Prevenção e Redução da Gravidez na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná compreende a adolescência em suas diversidades, e nas suas relações culturais que desenvolvem acolhimento e garantias aos seus direitos fundamentais. A mesma relação cultural também se reflete na maneira de encarar o distanciamento social frente às formas de violências que essas/esses jovens e adolescentes ficam submetidos. Para 17,6% das/dos adolescentes da região do oeste paranaense a grande preocupação são as violências dentro e fora de casa.

O UNFPA Brasil tem reforçado o posicionamento sobre o enfrentamento à violência baseada em gênero. Em resumo técnico o UNFPA reafirma a importância em garantir os sistemas e medidas de proteção social implementados pelos governos estejam assegurados ao longo de todo curso da pandemia.

Fonte: UNFPA Brazil. Disponível em: https://brazil.unfpa.org/pt-br/news/resultado-de-pesquisa-realizada-com-adolescentes-do-oeste-do-parana-deve-sensibilizar-gestores . Acesso em 23 jun 2020.