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Adolescentes unidos contra a Covid-19 em abrigos

Em Roraima, mobilizadores comunitários venezuelanos trabalham para levar mensagens de prevenção contra o coronavírus e seus efeitos aos abrigos em que vivem

Quando Edwin Sánchez chegou ao Brasil, em maio de 2019, não sabia como seria sua vida. Mesmo sozinho e tendo deixado família e trabalho na Venezuela, o jovem de 24 anos não perdeu tempo: assim que entrou no abrigo para migrantes em Boa Vista, Roraima, passou a usar suas habilidades de informática para ajudar todos. Agora, Edwin soma mais uma experiência entre tantas que teve no país que o acolheu: ele é um dos mobilizadores comunitários da campanha “Se Ligaê – Todos contra o coronavírus”, que integra o projeto Geração em Movimento (G-Move), realizado pelo UNICEF em parceria com o Coletivo Mosaico.

Toda semana, o jovem mobilizador reúne crianças e adolescentes migrantes no abrigo em que vive, o Rondon 2 – um dos 13 espaços naquele estado geridos pela Operação Acolhida, a resposta humanitária do Governo Brasileiro à crise migratória da Venezuela. Nessas ocasiões, conversa sobre a importância da prevenção do coronavírus e seus efeitos para a proteção e a saúde das famílias.

Assim como ele, outros 10 mobilizadores comunitários, todos jovens venezuelanos, estão presentes nos abrigos para migrantes em Boa Vista e Pacaraima, incluindo nos espaços indígenas – onde vivem, em sua maioria, famílias da etnia warao.

Edwin tem trabalhado para engajar cada vez mais meninas e meninos, promovendo um espaço seguro de discussão e acesso a informação de qualidade. “Falamos de temas como proteção às crianças, prevenção de abuso e violência, saúde mental, além de reforçar o que eles já sabem sobre o coronavírus”, conta o mobilizador.

Para preparar os mobilizadores comunitários, o UNICEF providenciou o acesso a tablets e pacotes de dados, que são usados para capacitações semanais com especialistas. “No tablet, eu registro as crianças com quem já conversei, e consigo acessar as videoconferências com o UNICEF e Mosaico todas as semanas”, explica Edwin. Durante as formações, os mobilizadores dos diversos abrigos se reúnem online, aprendem como comunicar os temas e podem tirar dúvidas.

Uma outra vertente do projeto promove atividades com estudantes da rede pública de Boa Vista, promovendo espaços de integração entre venezuelanos e brasileiros.

Seguir agindo Durante o período de pandemia, é importante garantir que crianças e adolescentes tenham espaço para seguir ativos e se desenvolver, mesmo com as escolas fechadas. Anthony Moncada, de 16 anos, participa de atividades do UNICEF e do Coletivo Mosaico desde que chegou ao Brasil, em outubro de 2019. Quando ainda morava em outro abrigo, o adolescente já participava do Súper Panas, projeto do UNICEF que promove atividades educativas e de apoio psicossocial para crianças e adolescentes.

Agora, vivendo no Rondon 2, o adolescente participa da campanha “Se Ligaê”, integrando o diálogo sobre prevenção ao coronavírus em seu abrigo. São atividades como essa que o têm mantido o ativo no Brasil, depois de um difícil período de adaptação por ter deixado a vida na Venezuela.

Estudante de uma escola pública, ele havia participado de aulas de português e atividades do Coletivo Mosaico durante as férias. São nesses momentos que Anthony encontra espaço para fazer uma das coisas que mais gosta: pintar. “Eu gosto de pintar no meu tempo livre. É minha forma de desestressar e poder esquecer um pouco esta situação de refúgio”, conta.

Desde 2015, o Brasil recebeu mais de 264 mil pedidos de refúgio ou residência temporária de venezuelanos. Mais de um terço são crianças e adolescentes, muitos em contexto de extrema vulnerabilidade, que devem ter os seus direitos assegurados diante do duplo desafio que recai sobre essa população: enfrentar a pandemia do coronavírus em meio a uma situação de migração e refúgio.

Sobre o G-Move – Realizado pelo Coletivo Mosaico e o UNICEF, o projeto Geração em Movimento trabalha para que mensagens de cuidado e prevenção cheguem às famílias brasileiras e venezuelanas por meio do engajamento de adolescentes e jovens. Para isso, busca garantir que eles tenham um espaço de diálogo e integração, em espaços virtuais derivados da escola ou dos abrigos onde estudam ou residem. Essas ações seguirão sendo fortalecidas para promover o direito à participação e à informação de qualidade.

Fonte: Unicef Brasil. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/historias/adolescentes-unidos-contra-covid-19-em-abrigos. Acesso em 19 ago 2020.